domingo, 19 de outubro de 2008

Aquela coisa, né? Muitos pepinos para resolver, mas deu tudo certo. Foi muito massa a abertura da exposição (a)s.


 








foto: Bruno Maciel

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

a(s) - Exposição fotográfica.

Então gente.

O 4 sobre tema irá lançar, no dia 17 de outubro (sexta feira), a sua primeira exposição: a(s).
Será às 19hs, na Livraria Saraiva do Salvador Shopping.

Montar uma exposição, descontando o exagero, é como parir um filho. Escolher um tema, produzir as fotos, revelar as fotos, escolher suporte, decidir vernissage, fazer convites, divulgar na internet, avisar aos amigos, fazer reuniões virtuais (que no nosso caso, são muito frequentes), além de mostrar ao mundo o que temos de tão pessoal, que é o nosso olhar. Ufa.
Mas, apesar do enorme trabalho, estamos muito felizes. Sim, muitíssimo felizes, afinal, estamos produzindo o que amamos, estamos trabalhando com o que gostamos: somos um coletivo de amigos apaixonados por fotografia, por arte e poder materializar isso, parodiando uma propaganda de cartão de crédito, não tem preço.
O tema escolhido para nossa exposição (e para a segunda edição da revista - aguardem!) é a mulher. Neste momento, nos debruçamos, cada um a seu modo, cada um com o seu olhar, sobre as mulheres, o que é ser mulher, esse bicho estranho que sangra todo mês. Eu, mulher que sou e terrivelmente feminina, adorei o tema. Estou ansiosa para saber as impressões de vocês.

Então, estão todos convidados! Apareçam, levem amigos(as), namorados(as), modelitos irreverentes e papagaios. Todos são bem-vindos!

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4 sobre tema apresenta:

a(s) - Exposição Fotográfica.

Mariana David
Bruno Maciel
João Meirelles
Lincoln S.

Abertura - 17.10, 19hs
Visitação - 18.10 a 31.10

Livraria Saraiva - Salvador Shopping.

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domingo, 12 de outubro de 2008

É ótimo ter um irmão biólogo. Aprendi com Pedro Meirelles que somos macacos (ponto). Nada como fotografar e perceber o que está ali: o bicho homem.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Pessoas, bichos e outras coisas mais.

Bicho homem. Quando o tema da primeira edição da quatro sobre tema foi definido, a única coisa que eu tinha certeza era: não tenho a menor idéia de como materializar isso em uma imagem.
Os dias foram passando, os meninos cheios de idéias e sempre falando "já fiz as minhas fotos, vc ainda não fez?" e eu, totalmente em crise de idéias, não, ainda não fiz.

Fotografar um tema exige muito mais do que simplesmente clicar. É importante construir uma narrativa através das imagens, fazer com que elas falem por você, que elas ultrapassem os silêncios naturais das fotografias. Pensando e repensando, me veio a idéia de trabalhar com o sangue. O sangue como elemento da natureza, que corre dentro de nós, que aparece impregnado na nossa pele quando nascemos, que as mulheres liberam, todos os meses, num processo natural e involuntário. Isso nos aproxima da natureza. Isso nos aproxima dos animais. Isso nos torna animais. Assim, fiz as duas primeiras fotografias: uma mão que segura um pedaço de carne crua, ensanguentada, carne que alimenta o homem, que também é carne, que também é sangue. Na outra, uma menina observa a sua menstruação, o sangue de renovação da feminilidade, o sangue que atesta a sua capacidade de gerar, de continuar.

Em oposição a estas duas imagens, queria algo leve, colorido e ainda natural. A mulher, que também é mulher bicho, em fusão com a natureza. Optei por uma mulher nua, despida de convenções e repressões, mulher natural, fêmea bicho, assim como viemos ao mundo. Nós todos.
Associei a condição de bicho à liberdade, à infinitude que só a natureza têm. Nós iremos, ela ficará. A última foto partiu da minha vontade de ser non sense, ou seja, não há sentido algum, e sim sentidos, preenchidos por flores e uma eterna entrega ao mundo, sendo homens, bichos, bichas fêmeas e fêmeas bicho.

sábado, 4 de outubro de 2008

Sobre sermos todos comíveis!

Bem vindos ao blog sobre tema, um espaço que 4 artistas fotográficos criaram pra expor suas idéias sobre determinado tema. Sabendo q nada existe só, veremos aqui no blog um tema se desdobrar em mil, pois como falar de animalidade sem falar de deus, consciência e política? Seria como fazer arroz sem água, sal e óleo. 

Quando o tema foi lançado estávamos numa mesa de bar, João foi quem insinuou contando sobre um assalto que lhe ocorreu, e não me lembro como, estávamos com o desafio na mão: representar a porção bicho do homem. Onde o homem se assemelha a instintiva brutalidade dos animais? 

Uma vez fui supreendido por um livro de biologia que mostrava o esqueleto de animais. Quase todos tem a mesma estrutura, cabeça, tronco, pernas e braços. Na época fiz uma pintura entitulada A similaridade dos animais, e agora isso me volta como tema. A primeira sensação que tive foi homogenizar a pele, misturar as tramas, fundir as espécies. Isso me despertou uma vontade louca de gritar ao mundo que os humanos são além de carne, consciência e que o que nos difere é a simples organização dos valores e o controle do instinto. Dai me veio a noção de superioridade, mas num mundo como o nosso, como ser superior às formigas? Temos organização mas morremos de guerra e de fome. Por outro lado como achar que os animais são superiores, se os leões comem as gazelas indefesas e nem levam ao forno? 

Convidei o Ronan Gonçalves, um performer goiano, para o desafio de ser fotografado com a pele maquiada e um pedaço de bife. Engraçado que sua primeira reação foi de nojo da carne crua sangrando. Em minha cabeça eu pensava: carne com nojo de carne? Somos lacrados pela pele, mas pulsamos sangue por dentro: precisamos de uma mesa, de faca, de prato e garfo. Tempos depois estavamos nós na noite, mesa posta, bife sangrando, Ronan encarnado em bicho, num ambiente claro, quase espírita. Burocrático na roupa, a alma inquieta, curiosa, vaidosa de se expor a vista do mundo, o sangue vermelho pulsando contido como a carne na mão. Primeiro flash e ao final da sessão eu tinha um Ronan bicho, sujo de sangue de bicho. Mordendo e lambendo a carne quase em transe. No resultado  das fotos: um ser aberto, com o rosto caindo no prato, num surto de violência instintiva. Somos bichos ou não?

Dai, mil idéias depois, numa conversa com Mme Lard, nos veio essa imagem: uma mulher com cabeça de porco. Dias depois, açougue, cara de porco aberta na mão, lá fui eu costurar. Na pia limpei o resto de carne e deixei apenas a pele. Ali meu contato já não era mais com a carne, e sim com a pele (dizem q a pele de porco é a mais semelhante a do homem) e quando terminei de costurar o rosto dele, tive medo. Medo de sua alma, mas ser humano não é ter consciencia? E isso não é a alma? Então onde está a alma do porco? Preferi acreditar que era apenas um pedaço de carne, pedi licença a Deus, temendo a alma do porco, seus olhos vazios naquela carcaça, ai Mme chega, me salva e começa a sessão.

Mme despida e a difícil tarefa de vestir aquela máscara fedida, com cheiro de morte, cheiro de vazio. Ela sufocada por aquele animal, numa distância de classes, uma superioridade estabelecida sobre aquela comida transformada em arte! Durante a sessão eu via um bicho estranho e divertido se firmar, os olhos vazios e o focinho caido davam uma impressão estranha de sorriso, de mulher nua, de deboche, cada pose dela me fazia muita graça, laço de fita na cabeça, um misto de beleza e horror rindo de mim, de nossa vida, de nossa impressão da vida. E em minha cabeça eu pensava que a morte nos iguala, e nela não existe diferença pro corpo. Sobre a alma? Não sei, nem morri ainda! Mas tive a certeza de que quero voltar a vida como humano e ter a deliciosa superioridade de escolher, construir, brincar, amar e deitar a cabeça no colo de meus amores. Nesse ponto a Mme Lard tinha virado uma Eva de geração estranha, uma Eva mista, oferecendo sua maçã ao homem carnivoro, rindo, apontando e debochando dele.

"É o bicho, é o bicho, é o bicho é o bicho malandragem, eu falei que é o bicho" - Bezerra da silva





4 sobre tema - no ar!

Quatro jovens fotógrafos, quatro olhares distintos, uma mesma paixão: a fotografia.
Inquietações e a vontade de desenvolver um trabalho colaborativo nos motivaram a criar a 4 sobre tema, revista virtual e mensal onde, a cada mês, um novo tema será colocado como um desafio a ser traduzido em forma de imagens.
A revista foi gerada depois de algumas reuniões e muitos, muitos emails, conversas via gtalk e skype (somos adoradores das maravilhas da internet!), recursos muito bem vindos, uma vez que um dos nossos está com a sua base montada em São Paulo ( alô, alô Lincoln S!).

O tema proposto para a edição #1 é Bicho-Homem, e vocês podem conferir o resultado no nosso site: www.4sobretema.com

Este blog foi criado para servir como um canal de comunicação com os nossos "olhadores", onde falaremos sobre a revista, sobre nossas exposições (sim, nós iremos expor), sobre fotografia e o que mais der nas nossas telhas.
Aqui vale, ainda, comentários sobre a revista, elogios, críticas, sugestões e declarações de amor.
Para falar conosco, é só postar aqui ou mandar um email para 4sobretema@gmail.com

4 sobre tema é:

João Meirelles
Bruno Maciel
Mariana David
Lincoln S.

E a nossa colaboradora, organizadora e salva-vidas, Carol Feitosa.

Acessem!
www.4sobretema.com

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